Dados apresentados no início do ano pelo Monitor do Fogo do MapBiomas, projeto de Mapeamento Anual do Uso e Cobertura da Terra no Brasil, apontam que a área queimada de florestas registrou alta de 93% em relação a 2021, sendo que 85% dos incêndios florestais no ano passado, ocorreram na Amazônia. Insatisfeitos com este cenário de descontrole dos incêndios florestais, alunos do Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia (Iema), Unidade Plena (UP) Itaqui-Bacanga, localizada no bairro Vila Embratel, em São Luís (MA), decidiram buscar, em sala de aula, uma solução para reduzir o problema.
Trata-se do projeto "AmazôniaSafe: detectando incêndios e salvando ecossistemas pelas mãos da tecnologia". Conhecidos pelas conquistas em campeonatos internacionais de robótica, estudantes do Iema decidiram inovar e dessa vez estão utilizando recursos tecnológicos para proteger o meio ambiente e a população amazônica.
“Os alunos vêm com muitas ideias de problemas reais e locais que nós temos, seja de desperdício de alimentos, seja de desperdício de água, por exemplo. A gente traz esse problema e os alunos buscam a solução fazendo a automação e trabalhando com a robótica para resolver esses problemas”, explica o professor do Iema Pleno Itaqui-Bacanga e tutor do projeto.
FabLab
O Projeto AmazôniaSafe está sendo desenvolvido no FabLab, laboratório fábrica do Iema. O projeto prevê a elaboração de um módulo de sensoriamento de queimadas de baixo custo. O módulo é dotado de sensor de gás inflamável e fumaça MQ-2 e de sensor de temperatura e umidade, o DHT-11.
A ideia é que o módulo detecte queimadas na Amazônia, baseado em Internet das Coisas (em inglês, Internet of Things, ou IoT), que visa conectar à internet itens utilizados no cotidiano, como eletrodomésticos, meios de transporte e até maçanetas - e energia fotovoltaica.
Com esses recursos, a rede de sensoriamento de baixo custo é capaz de monitorar eventuais queimadas e enviar informações em tempo real para os setores competentes, como a Defesa Civil ou o Corpo de Bombeiros.
Engenheiro eletricista e mestre em Engenharia Elétrica, o professor Felipe Borges conta que o projeto pretende utilizar até recursos como o LoRa (expressão em inglês “Long Range”, que em português significa longo alcance), tecnologia de comunicação sem fio que funciona por meio de radiofrequência, para repassar aos órgãos responsáveis pelo controle de queimadas, as informações obtidas na estação de sensores.
“Nós sentamos com os alunos, fizemos brainstorm [ou “tempestade de ideias”, dinâmica utilizada para explorar a capacidade criativa de um determinado grupo] com várias metodologias, e trabalhamos esse problema e a forma de solucioná-lo. Aí chegamos à possibilidade de trabalhar com uma estação de sensores de baixo custo, que utiliza energia solar, para fazer as medições de detecção de fumaça, detecção de dióxido de carbono”, detalha Felipe Borges.
Segundo o educador, a equipe do Projeto AmazôniaSafe já desenvolveu melhorias nos sensores, para permitir a detecção da umidade, temperatura e luminosidade. A proposta é que o recurso tecnológico facilite o controle e resolução de queimadas de forma célere.
“Todas essas informações são coletadas lá na Amazônia, enviadas via Internet das Coisas, utilizando, por exemplo, LoRa, que é uma comunicação de baixo custo. Assim conseguimos enviar essas informações para a central, que poderia, por exemplo, ser o Corpo de Bombeiros, e essa informação pode ser recebida por um computador ou até mesmo por um celular, quando um incêndio for detectado”, complementa o professor Felipe Borges.
Controle e redução de danos ambientais
Marcos Lowrran, estudante do Iema Pleno Itaqui-Bacanga é um dos alunos envolvidos no Projeto AmazôniaSafe. Lowrran já está acostumado a participar desse tipo de atividade escolar no Iema. Em uma plataforma de mídia social focada em negócios, Lowrran exibe com orgulho imagens de sua participação em outros projetos científicos desenvolvidos via Iema, como um carrinho robô controlado por Arduíno (plataforma programável de prototipagem de hardware livre) e a proposta de criação do nanossatélite HidroSat, voltado para análise da água.
O estudante sintetiza o funcionamento do módulo de sensoriamento de queimadas e explica que os equipamentos de detecção serão espalhados nos locais onde há maior incidência de queimadas.
“É um módulo que utiliza tecnologia wi-fi, coleta as informações e repassa para a estação, ou então, para o controle ambiental, onde eles vão saber onde estão os picos de incêndio. Toda vez que detectar fumaça ou aumento drástico da temperatura, ele vai avisar para que possa haver intervenção, antes que aconteça algo mais grave”, frisa Marcos Lowrran.
Para a estudante do Iema Pleno Itaqui-Bacanga, Emanuele Araújo, participar de um projeto como esse é uma oportunidade única não só para a carreira acadêmica, mas para a vida.
“É uma grande oportunidade para a gente pegar o que aprende em sala de aula, colocar em prática e também para despertar o nosso envolvimento com a tecnologia, despertar a nossa curiosidade, despertar a busca pelo conhecimento, que faz com que a gente se sinta bem em saber mais sobre as tecnologias, sobre o funcionamento de sensores e de máquinas. É uma grande oportunidade para nós como alunos e como pessoas”, avalia a estudante.
O Iema é uma autarquia estadual maranhense, vinculada à Secretaria de Estado da Educação (Seduc), do Governo do Maranhão, que oferece ensino médio, técnico e superior, contemplando também, de forma não dissociada, o ensino, a pesquisa e a extensão, na área tecnológica e no âmbito da pesquisa aplicada.